Além de serem defensores e já terem sido chamados para a seleção, Luisão e Alex Silva guardam outras coincidências em suas trajetórias. Nascidos na cidade de Amparo, no interior paulista, começaram a jogar bola por influência do pai, o ex-lateral-direito Amaral, que defendeu o Guarani, a Ponte Preta e o Paulista de Jundiaí. Outro ponto em comum é o fato de terem iniciado a carreira na posição de volante, sendo posteriormente recuados para a função atual.

“No juvenil da Ponte Preta, que foi o primeiro clube em que joguei como profissional, o treinador me pôs na defesa por causa da altura”, afirma o são-paulino, negando uma possível influência do irmão nessa decisão. “É apenas coincidência. Mas, claro, sempre me espelhei nele.” De acordo com ele, Luisão lhe dá muitas dicas. “Por ser mais velho, analisa meu futebol e também me passa um pouco de sua experiência.”

Curiosamente, os irmãos zagueiros ainda não se encontraram dentro das quatro linhas. Luisão e Alex Silva quase se enfrentaram quando Cruzeiro e Vitória, equipes em que respectivamente atuavam na época, cruzaram-se em setembro de 2003, durante o Campeonato Brasileiro. “Rolou um bafafá na semana anterior ao jogo. As pessoas diziam que eu iria marcá-lo em cobranças de escanteio e vice-versa”, relembra o atleta. O encontro só não ocorreu por uma incrível coincidência. Dois dias antes da partida, o então cruzeirense fechou contrato com o Benfica. E foi poupado.

BOM OU RUIM?
O parentesco com Luisão, que hoje é um dos melhores beques que atuam no futebol europeu, ainda é a principal referência que a imprensa e os torcedores têm de Alex Silva. No entanto, em vez de evitar associar o nome dele ao do irmão, como é mais comum, ele não tem problemas em ser reconhecido dessa maneira. “Sei que, enquanto não mostrar meu futebol no São Paulo, essa associação vai acontecer. O peso de ser irmão dele é muito grande, mas encaro com naturalidade. Só espero que, um dia, possa ser lembrado por meus próprios méritos.”

De maneira corajosa, Alex admite que, no início da carreira, ser irmão de um jogador nacionalmente reconhecido o ajudou. “Se, nos testes, está um garoto que é irmão do Luisão ou de outro jogador famoso, o treinador acaba prestando mais atenção em seu futebol. Mas, se você estiver dentro de campo e a bola bater na sua canela, não adianta nada”, pondera.
Esse não é, definitivamente, o caso dele. Afora as passagens pela seleção Sub-20, outra credencial importante que ostenta é o fato de ser classificado por Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo e conhecido por sua astúcia em descobrir jogadores, uma das grandes apostas da diretoria para o futuro.

Apesar de ainda não ter entrado em campo oficialmente com a camisa tricolor – no momento, é a sexta opção de Muricy para a posição –, o jogador sabe que oportunidades não lhe faltarão. “O treinador me coloca no banco quando algum zagueiro é suspenso ou se machuca. Espero que minha oportunidade possa chegar rápido, pois estou doido para dar mais trabalho ao técnico na hora de escalar o time.”

TRAJETÓRIA
Alex Silva começou aos 7 anos, em Amparo, na escolinha de futebol do Rio Branco de Americana, onde seu pai estava trabalhando como treinador. Mais tarde, foi aprovado e ingressou nos juvenis da Ponte Preta. Em virtude da contusão de um zagueiro, rapidamente passou para a categoria júnior. Atrasos de salário fizeram-no seguir rumo ao Vitória da Bahia. Lá, permaneceu entre 2003 e 2005 – sem contar uma passagem por cinco meses pelo Rennes, da França, em 2004. Após a queda da equipe baiana para a Terceira Divisão do Brasileirão, ficou sem clube. Logo, entretanto, chegou ao São Paulo.

Inicialmente, o defensor foi ao Morumbi para se tratar de uma contusão no púbis que o vinha incomodando desde a estada no Rennes – inclusive, foi o motivo alegado pelo clube francês para não prorrogar sua permanência. “Quando retornei ao Vitória, ia para o departamento médico, voltava a jogar, sentia de novo. Ao sair de lá, tinha proposta de outros clubes, mas preferi o São Paulo porque é grande, tem um excelente departamento de fisioterapia e se prontificou a fazer meu tratamento”, afirma. “Hoje, estou totalmente curado graças à competência de todos do clube.”

Após um mês no Reffis, Alex Silva voltou a treinar, ganhou três quilos de massa muscular a fim de ficar mais forte (atualmente, está com 80 kg) e, para ganhar ritmo de jogo, disputou a Taça São Paulo de Futebol Júnior deste ano. O Tricolor não passou da primeira fase, mas o beque foi eleito o destaque da equipe e entrou para a seleção dos melhores do torneio. Agora é torcer para, quando entrar em campo com a camisa são-paulina, o jogador mostrar que, na família de Luisão, há outro craque.